Milton Marques

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Milton Marques, 1971, Brasília.
Licenciado em Educação Artística, pela Universidade de Brasília.
O artista esteve na 26° Bienal de São Paulo, 2004. Integrou a 5a Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS, 2005. Em 2006 ganhou o Prêmio Marcantonio Vilaça, Funarte / MinC, Pesquisa.

“Milton Marques busca experiências singulares em seu processo de criação sem cair nos exageros técnicos tão comuns nas versões tecnológicas da arte. O foco reside em experimentação com vídeo digital e aparatos tecnológicos inutilizados e resgatados, elementos ópticos, step motors, impressoras, copiadoras, scanners, câmeras e outros mecanismos destituídos de sua função. Dessa forma, inicia-se um universo de desdobramentos nas entrelinhas da tecnologia, questionando as funcionalidades primárias de cada máquina, redimensionando seus mecanismos, para extrair possíveis ironias e distinções do cotidiano.
O início do processo se estabelece onde tecnicamente tudo terminou. Deste ponto é possível imaginar diversas alternativas concentradas no interior de cada aparelho, que aguardam novas combinações, como um jogo de encaixes assimétricos, mas que por insistência parecem se organizar a favor de uma lógica simples, carregada de sutilezas. Tais adaptações, que parecem propositadamente evitar qualquer conteúdo técnico mais profundo, buscam opções que evidenciam uma relação intuitiva com os objetos, valorizando a abordagem artesanal na construção; e permitindo até medidas que reportam ao erro e ao mal funcionamento, já que tais situações justificam as tentativas seguintes de sintonia entre as necessidades de expressão do artista e as possibilidades da matéria a ser manipulada.
As máquinas de Milton Marques não produzem mais os elementos que resultam numa desmedida dependência do homem em relação à máquina. Agora elas estão empenhadas em manter um trânsito entre linguagens, onde câmeras de vídeo modificadas registram espaços e palavras em uma dinâmica totalmente experimental; ou ainda projetores rudimentares de engenharia particular, que revisitam os primórdios do cinema, fazendo duvidar que o que se vê não é o que aparenta ser.
Enfim, são estes híbridos alienados, isentos de qualquer vaor produtivo, que abrigam as nuances mais sutis da ironia de viver cercado de tecnologias, sem perceber que é possível enxergar uma “mídia pirata” operando dentro do imaginário coletivo, expressando seus desejos e suas inquietações.

Joseh Machado. Prêmio Marcantonio Vilaça – Catálogo. Funarte /Minc, 2006″